quinta-feira, 27 de março de 2008

São dias sem dias estes dias

E os dias passam por mim a voar,
nesta penumbra que me acolhe o coração
resta-me escolher palavras para vos deixar
no resto do nada que me devolve a escuridão.

E mais que nunca cedo ao pecado,
á vontade inatingível de me ascender.
Cedo peixes ao meu rio parado
que morrem á fome sem eu nunca perceber.
Nem me pergunto porque morrem eles,
não me interessa sequer saber.
Sei que morrem ali parados diante mim,
sem que os ajude a diferente fim.

E cedo seco as águas de tal rio,
corta a fonte deserta que o alimenta,
o vento forte na rajada trás o frio
que me treme os ossos e me atormenta.
Mas paro aqui diante de mim a escutar-me
sem saber ao certo que fazer
se paro mais um pouco para não parar
ou se sigo com a indiferença de não me acontecer.

Sou um disco riscado que não quero,
o tal rio sem correntes já então parado,
mas sem forças minhas já espero,
que a morte me leve para lugar amado.

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