domingo, 9 de março de 2008


De volta a ti, escrevo-te, outra vez,
é comum à minha mágoa tudo isto,
a cadeira em que sento, a dor talvez.
Mas é cómodo o ardor que sinto,
é o hábito de derrota que sei que minto
e não conto a vergonha de mim mesmo.

É o fluir dos dedos adormecidos,
é capaz de ser o fim de mais uma aventura,
é as palavras mortas de todos os vencidos
que escrevo entre as linhas brancas
do único sitio que conhece tal amargura.

E sala dentro encontro-me novamente,
perdido a deixar correr a revolta
Citando para a folha ferozmente
a minha vida já então mais que morta.

E se não me calo, talvez porque não consiga,
depois o hábito é a rotina sagaz e torta
talvez hoje a minha única e fiel amiga
a faca dura dos meus dias que não corta
mas insiste em incomodar-me no meio de tanta fadiga.

E fumo mais um cigarro lendo-me tristemente,
olhando para as palavras sem fundo e sentido.
e respiro fumo soluçando lamurias calmamente
enquanto me lembro desse sentimento já então perdido.

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