
E tem ternura o teu medo, quase tanta quanto as mãos que não conheces mas com as quais eu te escrevo. E deixa as mágoas na caixa de música que deves ter no canto do teu quarto, em cima de tinta alguma ou mortas prateleiras. Se não tiveres tu uma bailarina dançando a um ritmo desconhecido terás a ternura da música que esta comporta a embelezar ainda mais as tuas incertezas certas de dor, as mágoas que escondes por detrás de tamanho sorriso tímido que nasce nos teus lábios e termina num simples olhar desviando a atenção de todo o mundo e voas tu outra vez para dentro de ti mesma, no vazio constante que os teus pensamentos preenchem.
Largas a beleza que te trás a natureza, encurralada nos alicerces do teu próprio mundo continuas incógnita á minha mágoa, continuas distante da curiosidade que me desperta a tua serena presença, continuas a fugir sem saberes sequer que te procuro, continuas perto na memoria incansável que me faz pensar-te e sentir-te no rosto ao jeito de chuva de outono, embora assim sem nunca nos termos tocado és um fantasma que leio repetidamente.
E leio-te mesmo tu nunca sabendo como, porque procuro em segredo tal jardim que nunca conheci e espero encontrar um hábito em tal vício que nunca provei.
E se nada mais me ocupa as noites sem dormir, enquanto escrevo em linhas direitas as minhas mágoas incertas, lembro-me de te lembrar e lembro-me que em segredo existe em mim uma rosa negra, na sombra do meu ser, cresce sem que dê por tal tamanho, aparte do mundo que me aproxima de todos e inconscientemente me separa de ti.
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